domingo, 16 de outubro de 2011

Diário de Estágio 2: "Bom Professor" X "Mau Professor"




O meu primeiro relato sobre a experiência docente deve ter causado nos leitores um pouco de desanimo. Bem, em mim, causou. É visto como um fracasso quando nós dispomos a realizar uma tarefa, e essa, falha. Quando isto envolve o papel do professor, tal fracasso é sentindo de maneira mais intensa.
Nos últimos três anos, período em que me encontro matriculada no curso de Licenciatura em História, é forte o discurso que culpabiliza o professor da escola pelo fracasso da Educação, pela evasão dos alunos, pelo índice de criminalidade, e tantas outras mazelas verificadas na sociedade, apesar de tais criticas serem sutilmente percebidas. É claro que tal visão, é no mínimo superficial, e obscurece uma realidade bem mais complexa.
Sabemos que a realidade da Educação no Brasil não é um “mar de rosas”, nem se apresenta como prioridade pela instancias mantenedoras. Sabemos também, que as competências cabidas ao professor por vezes não são barradas apenas pela falta de iniciativa, mas, é resultado de uma realidade difícil que os afeta profissionalmente e pessoalmente.
Como dito no relato passado, da Universidade à escola existe um longo caminho, que por vezes se distanciam na formação inicial. Mas, assim como na Universidade vemos discursos que se distanciam da realidade da Escola, às vezes, também, nos precipitamos, sobre visões que temos dela. E admito já ter cometido este erro.
Toda generalização é passível de erro. E quando o assunto é generalizar pessoas, esse erro ganha proporções inadimitiveis. Por isso, necessitam ser rediscutidas.
Por muito tempo defendi a injustiça que muitos leigos, assim como “professores universitários”, tratavam o professor da escola, ainda me posiciono contrária a muitas críticas voltadas para o papel do professor, pois, mesmo com todos os perfis de professores que existem, é sabido, que a realidade da profissão, deixa qualquer um desanimado e indignado.
Deixando de lado as questões materiais da profissão, volto-me para outra questão: a atuação do professor.
Quando eu entrei na Universidade me interessei pouco pela parte de História, mas tive um interesse singular pelas questões concernentes a Educação, e por isso, sinto falta de uma formação mais significativa nesse aspecto. Meu departamento, divide o prédio com o departamento de Pedagogia, um curso bem estruturado, e com alunos muito participativos e interessados, gostaria que nosso curso adotasse algumas discussões presentes na Pedagogia.
Bom, como disse às vezes nos precipitamos a analisar a Escola, e isso aconteceu comigo. A visão que tinha até então da Escola era de aluna, a condição de professor/a ainda não me era familiar. Via apenas o lado do professor, o papel do Estado e da sociedade. Mas ainda não tinha visto os alunos e os “tipos” de professores. Posso estar me precipitando, e daqui a alguns anos, esteja reescrevendo este apontamento de forma contrária, mas, por ora, me sinto motivada a dizer isto.
Os apontamentos que levanto são frutos das minhas observações feitas na Escola em que estagio, por isso, tenho o cuidado de dizer que isto é parte de uma experiência minha, que me fez olhar diferente para a profissão.
Sem mais delongas, devemos observar que a análise das situações em sala de aula devem ir além de privilegiar determinados momentos, e sim ver que a sala de aula é composta por um emaranhado de condicionantes que tem como resultado inúmeras situações. Podemos, por exemplo, compor a narrativa do Professor X que em uma escola que dispõe de recursos, com poucos alunos em salas de aula, mesmo que esses sejam em um primeiro momento desinteressados, não tenta, mesmo mediante certos privilégios, fazer com que estes se motivem por algo que ele está falando em sala de aula, neste instante nos cabem diversos questionamentos: Onde devemos enquadrar esse modelo de professor? Isso é culpa dos baixos salários? Isso é culpa dos alunos?
Ora, neste caso não podemos culpar os alunos visto que nada está sendo usado para que eles aprendam, então deveríamos culpar o professor? Deviríamos usar este como um modelo que explicasse centenas de situações onde as aulas são um fracasso por todo o Brasil?
Neste caso específico, compete ao professor ao menos tentar algo para fazer com que seus alunos tenham interesse por sua disciplina, no entanto, como foi posto no início deste paragrafo, falamos apenas “neste caso específico”, destarte, esta deveria ser a forma de análise das situações educacionais no Brasil, pois tanto quando se fala de pluralidades, de um meio social multifacetado, que ao mesmo passo não percebe que as salas de aula também passam pelo mesmo processo sendo plurais as situações carecendo de análises igualmente primarias, afinal não estamos mais lidando com a educação do século passado onde poderíamos escrever uma cartilha à todos os professores sobre os pros e contras do uso da palmatoria, pois, não usamos mais a palmatoria, não usamos mais os mesmos professores, não cabemos mais na mesma sociedade que viviam nossos antepassados, sendo assim, não podemos mais escrever a mesma cartilha para todos.
A realidade, e esta não apenas afeta ao alunos/jovens, mas a todos, requer uma nova postura para os professores, e não estou falando aqui, de recursos modernos, tecnológicos, fazendo da aula antiquada, um espetáculo. Mas uma postura de pensamento, de didática, de aula, que não esteja pautada apenas na transmissão aleatória de informação, na fala unilateral, na intransigência do professor. Mas uma aula dialogada, interativa, onde professor e aluno compartilhem conhecimentos, fazendo parte, juntos, do processo de aprendizagem.


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