quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Jogo dos Culpados



É pratica do senso comum, e por muitas vezes de alguns teóricos, a estratégia da culpa para comportar os reverses enfrentados pela educação quando na verdade deve-se entender o problema em seu cerne e tentar chegar à um denominador comum e é neste momento que nos  atemos as possíveis remediações. Tudo passa por uma longa cadeia de eventos, uma longa cadeia de atores em posições diversas, e nesse bojo de condições podemos começar pelos senhores pais, em sua frenética preocupação pelas ditas obrigações escolares encerram toda sua subjetividade em um primeiro momento que denuncia sua busca apenas por vagas , em sua busca por resultados, que em caso de negativos expressão condições discrepantes das exigências da sociedade: Filho com reprovações igual a filho sem emprego.
Quem são os responsáveis? Voltamos aqui ao jogo dos culpados. São os professores? Os alunos? O dito e invisível sistema? Cada uma das partes adiciona reverses em suas condições de elaborar aquilo que lhe é cobrado, os pais chegam muito cansados em casa de seus trabalhos e não tem mais tempo nem cabeça para lidar com as dificuldades da educação escolarizada de seus filhos, em contraponto professores chegam às escolas cansados, sobrecarregados, frustrados, e afinal eles carregam o “terrível” ônus de serem professores o sucessores dos escravos africanos no mundo moderno, humilhados, desvalorizados e obviamente estou apenas ironizando com os discursos que são elaborados para com as atuais condições dos professores no Brasil. Ainda nesta mesma linha, temos os alunos, que sentem a escola como um lugar de opressão, obviamente levando em conta que quando se tem 10 anos de idade é melhor estar com seus colegas brincando e conversando sobre desenho animado, do que está em uma sala de aula com professores carrancudos que nos empurram garganta abaixo conteúdos enfadonhos igualmente pouco interessante, salvo as mais obvias exceções para os dois lados, tanto de excelentes professores, como de alunos com 10 anos que sabem usar uma arma muito melhor que Policiais Militares.
Bom, ainda falando sobre o nosso desajeitado quadro da educação no Brasil, temos uma bela serie de estereótipos compartilhado para as massas pelas diversas mídias manipuladas pelo governo federal, e ai temos uma escola para todos, mesmo que esse “todos” façam nos pensar em alunos que vão de carro todos os dias e alunos que andam mais de 10 quilômetros até chegar na escola apenas para descobrir que a diretoria decidiu que não vai haver aula por um motivo torpe qualquer. É essa escola que as crianças, as que conversam sobre desenhos animados e as que brincam com armas de fogo, tem que buscar para “ser alguém na vida” para ter um bom emprego, para ter uma boa casa etc.
Mas, dentro desse caldeirão chamado escola as experiências são diversas, temos muitas reprovações, temos muitas falsas aprovações, temos uma qualidade X no ensino na rede pública urbana e temos uma qualidade de ensino Y na rede publica rural, é difícil para essas crianças terminarem o 5º ano do ensino fundamental, é difícil para eles entenderem que tem que gostar mais do Professor e o seu conteúdo desinteressante do que assistir repetidas vezes seus desenhos animados prediletos, bom foi difícil para mim me desligar de Cavaleiros do Zodíaco, e é nesse contexto que vemos quantos ficam a cada etapa, quando os problemas vão migrando de falta de atenção nas aulas, para falta de comida em casa, para falta de dinheiro para comprar um tênis da moda, para falta de emprego para aquele que não tem o ensino médio completo.
Temos ai algumas ideias a muito generalizadas das quais não podemos fugir, podemos ver alguns exemplos na TV que posso contar nos dedos das mãos os da última década dos verdadeiros Heróis que descobrem que tem superpoderes e vencem 1001 dificuldades e saem da escola pública com as piores condições, humanamente imagináveis, e chegam a universidade, mais que obvio que as mídias declaram: “Vejam, é possível!” e eles nossos poucos heróis depois de tantas lutas se deixam vencer dizendo “é possível eu venci”.
Na verdade, eles deviriam denunciar tudo que passaram para conseguir seu premio final, todas as injustiças que lhes foram impostas e as marcas que ficaram para a vida toda de um tempo que não volta mais, façamos aqui um ponto e olhemos para aqueles que conseguem e aqueles que não conseguem, apagando as nocivas e propagandeadas exceções que servem apenas para pensar que as coisas estão melhorando, sabemos que a esmagadora maioria daqueles que não conseguem caminhar na educação, são pobres, são desestimulados, são os outsiders, mais um alvo da carabina de hipocrisias que há muito são muito bem reformuladas e muito bem digeridas, nesse escopo sempre tem espaço para mais uma ou duas porções de sobremesa das mentiras sobre nossas reais condições.
Destarte, o que vemos nessa escola, estamos claramente falando na escola Pública, pois nas iniciativas privadas demos desde péssimas escolas, à escolas de ponta muito bem preparadas pedagogicamente, é na nossa escola pública que enxergo um vazio... Ao olhar pelas grades, que muitas vezes envolvem nossas escolas, vemos crianças que simplesmente não entendem o sentido de estar ali, crianças que vão para lares que muitas vezes não lhes dão o sentido de estar em família, tenha ela quão composição for, qual é o lugar dessas crianças então?

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