domingo, 2 de outubro de 2011

Mal-Estar Docente




Ser professor aparece como uma das profissões mais causadoras de estresse, mas será que tal fenômeno se faz presente desde sempre na profissão docente?
O estresse faz parte de qualquer profissão, principalmente aquelas que lidam com outras pessoas, do que dizer então dos professores, que além de lidar com pessoas, ainda desempenham o papel de educadores?
É sabido que a Educação no Brasil desde sempre apresenta problemas estruturais: falta de recurso, desinteresse das instâncias responsáveis, baixos salários, etc., e o estresse também comparece nesse quadro de problemas. Contudo, no atua contexto social, a classe docente passa por um processo de adoecimento, levando a exacerbação do estresse, se constituindo como doença.
Tal afirmativa pode ser vista como exagero, mas, infelizmente, os estudos disponíveis não deixam espaço para a dúvida.  Na verdade, exatos 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) de resultados constados nas pesquisas GOOGLE.
Pesquisas realizadas em diferentes Estados do Brasil, com diversos professores dos mais variados níveis de ensino. Não nos deixa dúvida sobre a problemática do estresse na profissão docente. Mas serve de arcabouço, para levantarmos a seguinte questão: o que de fato está adoecendo nossos professores?
 Não precisamos de um estudo aprofundado para chegarmos a uma reposta, pois esta é uma mistura de antigos e novos problemas, presentes, não na vida de um professor, mas, creio eu, se faz presente, de forma mais ou menos intensa no dia a dia de todos os docentes.
Resultado das transformações sociais e tecnológicas que cada vez mais exigem do professor um compromisso social e pessoal, que acaba por abarcar os mais diversos seguimentos da vida pessoal do professor, que também é sujeito.
Diante dos velhos problemas, já mencionados, e tão comentados por nós professores, e os novos problemas, associados às exigências demandadas pela sociedade e pelas instituições educacionais, que pressionam o professor a constante atualização, a dinamização, ao envolvimento, um professor que prenda a atenção dos alunos, a que chamam “professor animador”.
Professor moderno, animador, militante... Muitas vezes não sobra tempo para o(a) professor(a), que também é pai, mãe, filho, filha, sacrificando sua identidade pessoal pelo compromisso, tantas vezes injusto do professor-modelo que se quer construir.
Tamanha é a hipocrisia de se construir em cima de problemas tão significativos, novas exigências, exigências que se mostram tão ardilosas, envolvendo o lado subjetivo-afetivo do profissional, que diante das dificuldades, e da não operacionalidade das propostas, se vê desmotivado, desinteressado, e principalmente fracassado.
O mal-estar docente, no entanto, não está diretamente ligado às novas exigências, mas a este ultimo ponto: a não operacionalidade. O principal atenuante para o adoecimento dos profissionais docente é a impossibilidade de se pôr em prática certas propostas, que tão bem arquitetadas caem por terra diante da desmotivação de um alunado alienado.
A preocupação dos cursos de formação em dar voz ao aluno, entender a realidade do aluno, seu lugar social, levando em consideração seus conhecimentos pré-escolarizados, bem como, a utilização de recursos tecnológicos a fim de motivar o aluno, deixa de lado à realidade do professor, que muitas vezes sofre agressões físicas e verbais, que muitas vezes dá aula em condições precárias, que também internaliza o dever da inovação, mas se vê inutilizado pelos alunos que não o possibilita fazer seu trabalho.
É preciso entender os dois lados, é fácil ditar diretrizes, é fácil dizer o que os professores devem priorizar no ensino, é fácil apontar as falhas e dizer que tudo isso podia ser melhor se o professor “fosse assim”, o difícil é por em prática, o difícil é ser convidado a fazer papel de “animador”, o que me parece uma metáfora para “palhaço”, onde o professor precisa criar as condições para exercer seu trabalho, condições para suscitar nos alunos o interesse de querer aprender.
Sobre isso faço minha as palavras da professora Amanda Gurgel: “Em que condições estão nos pedindo para mudar o mundo?”.




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