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sábado, 26 de novembro de 2011

FOUCAULT E A ANÁLISE DO DISCURSO EM EDUCAÇÃO



Michel Foucault (Pronúncia francesa:AFI: [miʃɛl fuko]); Poitiers, 15 de outubro de 1926 — Paris, 25 de junho de 1984) foi um importante filósofo e professor da cátedra de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France desde 1970 a 1984. Todo o seu trabalho foi desenvolvido em uma arqueologia do saber filosófico, da experiência literária e da análise do discurso. Seu trabalho também se concentrou sobre a relação entre poder e governamentalidade, e das práticas de subjetivação.
Em 1954, Foucault publicou seu primeiro livro, a "Doença mental e personalidade", um trabalho encomendado por Althusser. Rapidamente se tornou evidente que ele não estava interessado em uma carreira de professor, de modo que empreendeu um longo exílio da França. Porém, no mesmo ano, ele aceitou uma posição na Universidade de Uppsala, na Suécia como professor e conselheiro cultural, uma posição que foi arranjada para ele por George Dumézil, que mais tarde se tornou um amigo e mentor. Em 1958, ele saiu da Suécia para Varsóvia.
Foucault voltou à França, em 1960, para concluir a sua tese e uma posição em filosofia na Universidade de Clermont-Ferrand, a convite de Jules Vuillemin, diretor do departamento de filosofia. Foi colega de Michel Serres. Em 1961, doutorou-se com a tradução e uma introdução com notas sobre "Antropologia do ponto de vista pragmático", de Kant orientado por Jean Hyppolite. Sua tese intitulada "História da loucura na idade clássica", foi orientada por Georges Canguilhem. Filho de um médico, ele estava interessado na epistemologia da Medicina e publica nesta área, "Nascimento da clínica: uma arqueologia do saber médico", "Raymond Roussel", além de uma reedição de seu livro de 1954 (no âmbito de um novo título, "Doença e psicologia mental".
Na sequência da atribuição de Defert para a Tunísia, para o período de serviço militar, Foucault se mudou para lá também e tomou uma posição na Universidade de Túnis, em 1965. Em janeiro, ele foi nomeado para a Comissão para a reforma das universidades estabelecido pelo Ministro da Educação da época, Christian Fouchet, no entanto, um inquérito sobre a sua privacidade é apontado por alguns estudiosos como a causa de sua não-nomeação.
Em 1966 ele publicou As Palavras e as Coisas, que tem um enorme sucesso imediato. Ao mesmo tempo, a popularidade do estruturalismo está em seu auge, e Foucault rapidamente é agrupado com estudiosos e filósofos como Jacques Derrida, Claude Lévi-Strauss e Roland Barthes, então visto como a nova onda de pensadores contrários ao existencialismo desempenhado por Jean-Paul Sartre. Inúmeras discussões e entrevistas envolvendo Foucault são então colocadas em oposição ao humanismo e ao existencialismo, pelo estudo dos sistemas e estruturas. Foucault, logo se cansou do o rótulo de "estruturalista". O ano de 1966 é uma emoção sem igual na área de humanas: Lacan, Lévi-Strauss, Benveniste, Genette, Greimas, Dubrovsky, Todorov e Barthes publicam algumas das suas obras mais importantes.
Foucault ainda está em Túnis, durante os acontecimentos de maio de 1968, onde ele estava profundamente envolvido com a revolta estudantil na Tunísia, no mesmo ano. No outono de 1968, ele retornou à França e publicou "A arqueologia do saber", como uma resposta a seus críticos, em 1969. Autoproclamado homossexual, morreu vítima da AIDS em 1984.


sábado, 5 de novembro de 2011

Rango



O Filme Rango é uma super animação lançada em 2011, em minha opinião o melhor e mais bem produzido nesta linha. Rango é um pequeno camaleão domestico, que por acidente é jogado de sua vida em um pequeno aquário vazio, onde encena suas mil e uma identidades, reproduzindo aquilo que vê do lado de fora,  quando, por meio de um acidente, ao mundo selvagem, em árido deserto e tem de lidar com situações radicalmente novas para sobreviver. Ele não tem nome, nem amigos, e é nesse momento que ele toma para si uma identidade, Rango descobre aquilo que é apenas quando está ante os outros, pois até então sozinho em seu aquário não tinha certeza nenhuma. 

Além de ser uma animação de ponta no que diz respeito a qualidade da manipulação da técnica de imagem, Rango não deixa a desejar em nenhum quesito, bom humor, ação e aventura a cada segundo nos promovem uma enorme satisfação em ver este filme. Mas, Rango é bem mais que um filme diversão, de forma sutil ele nos leva à questionar aspectos modeladores das identidades dos indevidos, e podemos acionar várias leituras sociológicas, como, por exemplo, Erving Goffman em  "A REPRESENTAÇÃO DO EU NA VIDA COTIDIANA", quando notamos um Rango que encena a todo momento um papel na sociedade, papel este que é condicionado pelas expectativas de todos que o rodeiam, sendo, desta forma, forçado a tomar posturas que são esperadas para que sua imagem não seja maculada.

Essa obra pode ser facilmente ministrada em sala de aula para despertar nos alunos o olhar crítico, além de servir como apoio para trabalhar-se a questão da identidade e sua formação, servindo por tanto à todas as disciplinas na área de humanas, desde a análise do filme na profundidade literal de seus personagens ao complexos jogos que os levam a articularem-se em uma comunidade e o efeito que isso causa em cada um deles enquanto individuo.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Pequeno Principe



O Pequeno Príncipe, quando levamos este titulo a nossa boca e falamos sobre, logo vem a mente de quem escuta-nos falar uma narrativa infantil permeada por acontecimentos fantásticos representadas por personagens estereotipados que servem apenas para que as crianças encantem-se com esses acontecimentos pouco antes de dormir.
            De fato, temos sim acontecimentos fantásticos, e qual criança não se encantaria com a estória do pequeno de cabelos dourados, no entanto, se fecharmos os olhos nesse exato momento, antes de avançar na leitura deste mais que breve artigo quantos e quantos acontecimentos fantásticos podemos numerar em nossas vidas? Quantos pequenos ou pequenas dos cabelos dourados, ruivos, negros ou como queiram imaginar não nos trouxeram como facas afiadas marcas em nossas vidas? Sejam elas boas ou ruins, sejam os tais eventos tristes ou alegres, é disso que fala o Pequeno Príncipe, que em sua saga, com ajuda de gaivotas que migram pela Via-Láctea, vem nos contar sua Estória, que fala mais aos adultos que as crianças.
            Podemos dizer, sob um prisma mais analítico, que o Pequeno Príncipe, manifesta uma mescla de sentimentos individuais que emergem na modernidade, mas do que mesmo estávamos falando? Ok, falamos sobre um pequeno garoto, sozinho em um deserto sem ninguém para conversar ou para brincar depois de ter caminhado por vários planetas, onde o que pôde encontrar foi apenas mais sentimentos confusos, solidão, inquietude e nenhuma resposta. Qual igual seria esse momento do Principezinho com o homem moderno nos desertos líquidos das grandes cidades, vagando nos ônibus lotados, nas grandes estações de metrô, nos incêndios surdos do transito, qual sozinho e absorto da realidade de si mesmo está esse homem?



            O nosso pequeno herói passeia pelas linhas da historia do homem, e como este pensa e se posiciona pelas lógicas de manifestação encontradas, passamos, pelos vícios do mundo, com carrancudo beberrão, pela inquieta chama que antecipa a luz elétrica com o nosso incansável acendedor de lâmpadas, ademais, temos nosso rei e suas regras que devem ser cumpridas para que dessa forma seja feita sua vontade e assim seja provada sua autoridade, destarte ele mesmo, o rei, nos fala: A autoridade repousa sobre a razão, nunca exija nada além do que seus súditos possam cumprir. Isso seria um pouco de Maquiavel? Teoria do estado em formação?
            Bom, podemos notar que Saint-Exupéry era bem mais politizado do que pensávamos, mas não é sobre esse foco que ele irá se concentrar. Depois de todos esses pontos encontrados nos planetas antes da terra, o pequeno príncipe saca de sua cartola, se ele tivesse uma, sua formula de como este Homem moderno ainda pode lidar com os sentimentos afetivos nutridos por séculos de formas diferentes nas mais diversas culturas, mas que vem se esfacelando pela conduta do homem desde uma leitura mais geral a uma concentrada em um individuo apenas, este último seria sempre uma mostra do todo.
            O empasse que passa o Pequeno Príncipe, desde o inicio, é aprender a lidar com aquilo que sente, o sentimento de solidão por está naquele planeta tão pequeno e frio, o amor fugaz que tem por sua ingrata rosa, que por saber que o Principezinho à tinha em sua mais alta estima tripudiava com seus caprichos a todo o momento, leva tempo até que ele se encontre e possa compreender aquilo que sente pela rosa, entender que aquilo ainda não era o que ele procurava nem o fazia de fato feliz. Você pode parar um pouco agora e pensar nas suas paixões, carros, livros, comidas, enfim, pensar até que ponto elas são suas, ou até que ponto elas lhes são impostas por sua sociabilidade, por seu Habitus, destarte, cabe pensar, como se sentiria sem que pudesse a todo momento saciar suas paixões...


     Após, passagens breves pelos planetas, que anteriormente já foram citados, o Pequeno Príncipe, chega a terra, onde aprende a serpente sobre a maldade humana e sobre a confiança que devemos depositar ou não nas pessoas. Logo em seguida temos o encontro com o que seria a segunda paixão do principezinho, temos aqui uma construção filosófica de como nos apegamos, de como nos apaixonamos e chegamos a amar alguém, e é neste ponto que me detenho deixando para os que não leram ainda o Pequeno Príncipe um convite especial a se encontrarem nesta obra de pouco menos de 100 páginas, e aqueles que já leram a obra a revisitarem estas com um olhar mais atento e sensível ao que vem nos dizer este pequeno garoto que caiu do asteroide B612.


Segue um trailler da mais nova versão do Pequeno Pricipe


Filme: Rainha Margot



Para quem é da área de História, ou mesmo de outras áreas,  trabalhar com filmes pode ser uma "faca de dois gumes", sem o devido cuidado, o filme deixa de ser um rico recurso pedagógico.
Assisti a este filme há mais de um ano, e para quem está trabalhando com a Reforma Protestante, é uma forma impar de tratar o assunto, sem deixar os alunos entediados.

França, século XVI. O conflito entre católicos e protestantes é a grande tônica do filme, junto com o jogo de intrigas em busca do poder. Apoiado em fatos históricos, fornece um roteiro de prováveis intrigas amorosas e políticas da monarquia para legitimação do poder, que culminaram no triste episódio da Noite de São Bartolomeu – o massacre dos protestantes pelos católicos na França.
A princesa Margot, mergulhada nas disputas de seus irmãos, vê-se obrigada pela mãe (a católica Catherine de Médicis) a casar com o protestante espanhol Henry de Navarre, na tentativa de pôr fim ao conflito; porém na festividade de seu casamento ocorre o massacre.
Inicialmente alheia à disputa familiar, ela vai mudando de posicionamento, motivada pelo seu envolvimento amoroso, arriscando-se a proteger alguns dos sobreviventes do massacre, principalmente na busca do homem que ama.
O filme fornece elementos para posterior discussão da intolerância de qualquer natureza como cruel estratégia de sustentação de poder e dominação; da necessidade de pensarmos nas composições e no respeito às diferenças étnicas, religiosas e culturais como premissas para  sustentação de sociedades justas e pacíficas. Transpondo o enredo para a esfera escolar, temos elementos para pensar na vida de grupo, pautada no respeito e convívio com as diferenças de qualquer natureza. 
O filme tem um ritmo diferenciado, marcado pelo suspense, fruto das constantes traições amorosas e políticas que mantêm o espectador motivado no desenrolar da trama, mesmo adotando um caráter intimista característico do cinema europeu.


FICHA TÉCNICA

Características: França/Alemanha/Itália, 139 minutos, produzido em 1994
Direção: Patrice Chéreau
Gênero: drama
Distribuição em vídeo: Videolar Multimídia
Prêmios/indicações: César de Melhor Atriz para Isabelle Adjani, de Melhor Figurino, Melhor
Ator e Atriz Coadjuvante, Melhor Direção e Fotografia; Cannes para Virna Lisi e prêmio do júri


domingo, 18 de setembro de 2011

Escritores da Liberdade: Uma releitura


Esta semana assisti a um filme, indicado pela professora de Estágio I, de nome Escritores da Liberdade. E achei interessante colocá-lo como Dica de Leitura.
O filme “Escritores da Liberdade” pode ser considerado um modelo das múltiplas realidades e desafios que se fazem presentes em uma sala de aula. As histórias de vida relatadas no filme não são de modo algum casos isolados, nem específicos. São acontecimentos verificados nas variadas salas de aula, nos mais diferentes níveis de ensino, sejam eles públicos ou privados, a diversidade cultural, bem como a diferença, estão presentes nos mais variados contextos escolares. O que nos interessa no filme, sendo a sua mais rica contribuição é a metodologia necessária para lidar com esses aspectos, mas, assim como tão bem retrata o filme, essa metodologia, longe de ser passível de consumida em livros e legislações, é conquistada pelo professor na sua experiência em sala de aula, e principalmente a partir de sua sensibilidade para notá-las, entendê-las, e assim, poder a partir de sua posição, construir junto a seus alunos um caminho diferente para lidar com as diferenças e as adversidades da vida em sociedade.
O filme, baseado no diário de dois ex-alunos, que relatam, a experiência de vida que possuem dentro e fora dos muros da escola, mostra o empenho de uma professora, que na sua primeira experiência, enquanto educadora, se depara com uma sala conflituosa, composta por alunos que se dividem em gangues, cujos laços são forjados pela etnia, além do total desapoio da instituição na qual leciona por incentivos transformadores. 
Diante dessa realidade, a professora Erin Gruwell, combate um sistema deficiente, lutando para que a sala de aula se torne lugar de referencia, e acolhimento, para os estudantes que para além daquele espaço, só encontram apoio na violência. 
A sala de aula é composta por diferentes grupos, como já mencionado, divididos de acordo com sua etnia, dessa forma, podemos identificar nesse filme três grupos distintos: os negros, os latino-americanos e os asiáticos. Dentro e fora da escola esses grupos mantem uma relação conflituosa, cada qual lutando pelo seu espaço e pelos seus direitos, legitimados pelo seu grupo de referencia no qual fazem parte.

Aos poucos a professora Erin, consegue aproximar esses alunos uns dos outros, e sua principal estratégia é lhes dando voz. Ela decide, frente à falta de assistência da escola, trabalhar em outros horários para conseguir recursos suficientes para efetivar um trabalho pedagógico transformador com estes alunos. 
Sua primeira atitude é dar-lhes um caderno, que servirá como diário, onde possam escrever sobre suas experiências de vida, essa atitude é que a possibilita conhecer melhor a realidade dos estudantes e, a partir daí guiar suas aulas com o objetivo de mudança.
Certa vez li num livro, e infelizmente não lembro o (a) autor (a), que disse “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, assim como nossas escolhas e opiniões, aspectos subjetivos são constituídos por julgamento de valores construídos ao longo da vida, por diferentes condicionantes. Falo isso, para justificar minha leitura desse filme, a partir de hipóteses que admito, se apresentam superficiais, por ainda não ter tido a oportunidade de verificar através de um estudo sistematizado. 

Sabendo que este filme foi baseado em fatos verídicos, extraídos de dois diários de ex-alunos da professora Erin Gruwell, pude perceber fatores que me parecem imprescindíveis para que tal proposta se torne possível, o que para a realidade de muitos professores brasileiros, creio eu, não procede. 
Segundo nos mostra o filme:

1º - a professora leciona em uma única escola;
2º - a professora leciona apenas em um único turno;
3º - a professora em questão possui apenas uma turma;
4º - ganha um salário de dois mil dólares na instituição em que leciona;
5º - o dualismo entre o compromisso com a profissão e sua vida pessoal.

Tais pontos não têm por finalidade desmerecer a atitude da professora, sendo sua iniciativa e seu sucesso, desejo de muito de nós professores. Assim como não objetiva se estabelecer como um ponto negativo a mais para a educação no Brasil, ou um incentivador para viramos as costas e procurar outra profissão, ou continuar reproduzindo um ensino débil. As críticas aqui levantadas não se esgotam no pessimismo e na acomodação, os eixos temáticos aqui propostos têm por finalidade básica instigar o debate e a participação de profissionais da área, para que juntos, futuros professores e professores em prática, possam trocar questões, experiências, de maneira a melhorar nossa prática, e fortalecer nossas reivindicações. Mas, para isso é preciso estabelecer um diálogo definitivo entre teoria e prática, e estar sempre procurando auxilio de uns aos outros, para construir mudanças a partir de problemas e experiências concretas de sala de aula, fazendo da teoria um suporte fincado na realidade do sistema brasileiro de ensino e de suas especificidades. Partindo dessa preocupação, a leitura do filme “Escritores da Liberdade” precisa ser correlacionada com a nossa realidade, caso contrário, sua importância se perde num romantismo cinematográfico.
Dentre os pontos que pude verificar no filme, os quatro (4) primeiro são aspectos muito diferentes da realidade brasileira. Talvez uma professora com quatro turmas de ensino fundamental e médio, que ganhe um salário mínimo, que lecione em dois horários, ou em mais de uma instituição, tenha dificuldade de reproduzir o que se propõe no filme. Não obstante, toda generalização é passível de precipitação, por isso tal exemplo não pode ser apreendido como comum a todos os professores, mas acredito que seja reflexo de um numero considerável de educadores.
Além dos quatro (4) primeiros pontos, me chamou a atenção o quinto ponto que mencionei acima, o dualismo entre o compromisso com a profissão e sua vida pessoal. No filme percebemos que a professora Erin possui um relacionamento estável, que ao entrar na escola, e ocupar-se integralmente do seu proposito, é deixado de lado, que ocasiona a insatisfação do parceiro, culminando na separação.

Com isso podemos fazer uma leitura de um dualismo que se faz presente, um ligado ao compromisso da educadora em ajudar os alunos, ímpeto que ocupa integralmente seu tempo, e outro ligado a sua vida pessoal, compromissos que ela tem enquanto sujeito, fora dos muros da escola. Esses dois aspectos entram em conflito quando não podem ser conciliados.  Não afirmo que isso não seja possível, mas, imaginem uma dada situação, em que, um (a) professor (a), tenha uma realidade profissional como àquela acima citada – dos quatro pontos -, ao anexamos a isso sua vida pessoal, - pai, mãe, filho – isso se torna um tanto quanto inviável, não é?
Mas, como já mencionado a proposta é justamente se apropriar dessa experiência e ressignificá-la para que se torne viável em nossa realidade. Então a contribuição central deste filme é a iniciativa, de se dispor a notar as diferenças, e a sensibilidade em trazer a discussão para a aula, de forma não a homogeneizar, mas harmonizá-las. A pergunta que se faz então é de que maneira podemos, nos professores, nas dificuldades e problemas presentes no nosso cotidiano, conciliando com nossos demais papeis que se apresentam para além da sala de aula, anexar essas propostas?

Deixe seu comentário...

Não sei se tal observação é condescendente com a leitura de outras pessoas que tenham assistido ao filme, para aqueles que tenham outras leituras, podem mandar um texto para o e-mail rochadiegoemonalisa@bol.com.br , para ser postado.

Agradeço a todos!

Os pais na escola: participar ou decidir?


Hoje li um texto, e gostaria de compartilhá-lo aqui.
O texto faz parte do livro de Jussara Hoffmann Avaliar: respeitar primeiro, educar depois, “capítulo 5: Os pais na escola: participar ou decidir?”.
Nesse texto a autora levanta a questão da participação dos pais na escola, e a crítica que alguns professores fazem com relação a isso, devido à falta de credibilidade da sociedade e da direção da escola frente às reclamações. 
Segundo a autora alguns especialistas alegam que o envolvimento e as cobranças dos pais com a educação escolar de seus filhos, gera uma maior qualidade de ensino.
Hoffmann então argumenta: a qualidade de ensino nas escolas não depende dos pais ou de sua “cobrança”, mas da atuação competente dos profissionais que ali atuam. 
Segundo a autora os pais devem sim participar da educação escolar de seus filhos, mas isso não os torna aptos a levantar rumos que a escola deva tomar, sendo esse papel de instâncias responsáveis e profissionais especializados. 
Diante das reclamações dos pais ao sistema de ensino em que estão matriculados seus filhos a autora levanta um questionamento: será que algumas atitudes dos educadores não estariam dando origem a tamanho “controle” ou “cobrança” dos pais?
Para testar sua questão a autora levanta duas hipóteses sobre a seguinte situação: uma criança doente, hospitalizada, aos cuidados de uma equipe de profissionais da saúde; um diagnóstico a fazer; um tratamento ou cirurgia a decidir. Como procedem esses profissionais em relação aos pais do paciente?

1ª hipótese: reúnem-se, estudam, debatem o caso e decidem sobre o melhor tratamento. Conversam com os pais e explicam como irão tratar a criança, usando uma linguagem leiga. Solicitam é claro, mais atenção e cuidados ao seu filho, definindo com clareza o papel dos médicos e da família.

2ª hipótese: reúnem-se, debatem o caso, concluindo que é muito difícil de resolver. Alguns profissionais da equipe mostram-se bastante desanimados, outros inseguros, há aqueles que culpam a família pelo problema diagnosticado. A equipe conversa com os pais e aponta as inúmeras “dificuldades”, apresentam-lhes algumas “linhas de ação”, e pede sua opinião a respeito, acatando decisões, mesmo que os pais não entendam do assunto ou que eles, médicos, não considerem adequado. 

Após explicitar a hipótese no exemplo acima, ela leva o leitor a transpor esta situação ao dia-a-dia das escolas brasileiras. E levanta algumas questões: Como poderão reagir os pais diante da insegurança e desanimo de muitos? Em que medida o professor responsabiliza os próprios pais pela melhoria dos estudantes em alfabetização, na aprendizagem da matemática ou em outras áreas – tarefa que não lhes compete? Poderão as famílias sentir confiança na escola que assim se comporta?
Dessa forma a autora adverte para o dever do educador em buscar sua capacitação e competências concernentes a seu papel.
Sem levar em consideração os aspectos analógicos das suas hipóteses, cuja comparação acredito não são passíveis de credibilidade, jugando ser o papel do professor diferente da de um médico, que além de lidar com questões subjetivas do aluno, não possui um manual técnico de procedimentos possíveis, chamo a atenção para a frase em destaque: Solicitam é claro, mais atenção e cuidados ao seu filho, definindo com clareza o papel dos médicos e da família.
Deixando de lado as críticas à hipótese levantada pela autora Jussara Hoffmann, essa frase é um ponto que merece atenção, tendo em vista as competências hoje demandadas ao professor. Definir com clareza o papel que a cada um compete para se chegar a uma educação de qualidade é o problema que se presencia nas realidades escolares. 
Anteriormente era possível ver na escola uma relação estável, uma educação que vinha de outros grupos, como a família, a sociedade ou mesmo a religião, que asseguravam a autoridade na figura do professor, legitimado por esses pontos de referencia. “... o professor dispunha de estruturas de regulação poderosas, que lhe permitiam circunscrever os comportamentos anômicos, gerir situações escolares apoiando-se em referencias, contextos, fortes pontos de apoio institucionais.”( MEIRIEU, 2002, p.249).
De forma mais direta, o professor na década de 70 tinha o auxilio de varias instituições na sociedade – família, Estado, religião –, que legitimavam sua atuação. Por sua vez, o que presenciamos hoje, é uma descentralização de papeis, que centralizam a responsabilidade do educar à tarefas que competiam a essas outras instâncias, para a escola, e, sendo assim para o professor. Por isso (re)estabelecer os papeis das demais instituições reguladoras é necessário para que se possa discutir a que compete o trabalho do educador.
Isso se torna imprescindível na medida em que definindo o papel dos pais, como educadores que precedem a educação formal, possibilita ao professor cumprir também seu papel.

Referências: 

HOFFMANN, Jussara. Os pais na escola: participar ou decidir? In: Avaliar: respeitar primeiro, educar depois. Editora: Mediação. São Paulo. 2009.

MEIRIEU, Philippe. A Pedagogia Posta em Xeque. In:____. A Pedagogia entre o Dizer e o Fazer: A coragem de começar. Trad. Fátima Marud – Porto Alegre: Artmed, 2002. pp.248-254.