sábado, 5 de novembro de 2011

Rango



O Filme Rango é uma super animação lançada em 2011, em minha opinião o melhor e mais bem produzido nesta linha. Rango é um pequeno camaleão domestico, que por acidente é jogado de sua vida em um pequeno aquário vazio, onde encena suas mil e uma identidades, reproduzindo aquilo que vê do lado de fora,  quando, por meio de um acidente, ao mundo selvagem, em árido deserto e tem de lidar com situações radicalmente novas para sobreviver. Ele não tem nome, nem amigos, e é nesse momento que ele toma para si uma identidade, Rango descobre aquilo que é apenas quando está ante os outros, pois até então sozinho em seu aquário não tinha certeza nenhuma. 

Além de ser uma animação de ponta no que diz respeito a qualidade da manipulação da técnica de imagem, Rango não deixa a desejar em nenhum quesito, bom humor, ação e aventura a cada segundo nos promovem uma enorme satisfação em ver este filme. Mas, Rango é bem mais que um filme diversão, de forma sutil ele nos leva à questionar aspectos modeladores das identidades dos indevidos, e podemos acionar várias leituras sociológicas, como, por exemplo, Erving Goffman em  "A REPRESENTAÇÃO DO EU NA VIDA COTIDIANA", quando notamos um Rango que encena a todo momento um papel na sociedade, papel este que é condicionado pelas expectativas de todos que o rodeiam, sendo, desta forma, forçado a tomar posturas que são esperadas para que sua imagem não seja maculada.

Essa obra pode ser facilmente ministrada em sala de aula para despertar nos alunos o olhar crítico, além de servir como apoio para trabalhar-se a questão da identidade e sua formação, servindo por tanto à todas as disciplinas na área de humanas, desde a análise do filme na profundidade literal de seus personagens ao complexos jogos que os levam a articularem-se em uma comunidade e o efeito que isso causa em cada um deles enquanto individuo.

domingo, 30 de outubro de 2011

Marcha pela Educação com sucesso



A CNTE realizou  a 5ª Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, em Brasília. Com o tema “10 mil pelos 10% do PIB para a Educação”, a marcha reuniu cerca de 10 mil brasileiros de todas as regiões do país. “Essa marcha é fundamental para que a gente consiga interferir no Congresso Nacional e obter deles o compromisso de aprovar 10% do PIB brasileiro para ser investido na educação”, disse o presidente da CNTE, Roberto Leão, ao comentar sobre um dos três principais pontos de reivindicações da manifestação.
A marcha teve dois outros focos centrais: a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) pelo Congresso Nacional; e o cumprimento integral, em todo o Brasil, da lei do piso salarial do magistério.
Ao longo da manhã desta quarta-feira, os manifestantes caminharam do Estádio Mané Garrincha até o Congresso Nacional, passando, também, pelo Palácio do Planalto. Também foi realizado um ato público em frente ao Congresso. Nele, foram fincados na grama em frente ao Parlamento estacas que pediam 10% dos recursos do PIB para a Educação. Os integrantes da marcha, que também carregavam slogans pelo aumento de recursos para a Educação, lotaram o gramado do Congresso Nacional.
A Campanha Nacional Pelo Direto à Educação conseguiu 10 mil das 140 mil assinaturas coletadas em todo o país para os cartões postais de apoio aos ideais da marcha. Parte desses cartões assinados foi entregue para o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e para o relator do Plano Nacional de Educação (PNE) na Câmara dos Deputados, deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR). A presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, deputada Fátima Bezerra (PT-RN), prometeu levar as assinaturas para a presidenta Dilma Rousseff. “Eu acho que o governo tem que receber os cartões como uma clara demonstração da sociedade brasileira de que o investimento hoje em educação não é suficiente”, afirmou Daniel Cara, coordenador da campanha.
Durante os atos da marcha, o deputado Ângelo Vanhoni , disse que o relatório do PNE deverá ser entregue à Comissão de Educação da Câmara na próxima terça-feira (1/11) e deverá ser votado pela Casa até o final de novembro. Depois, o projeto segue para análise do Senado.  Vanhoni disse que cerca de três mil emendas foram apresentadas ao projeto até agora. Ao discursar na comissão, o deputado chamou atenção para o problema da falta de recursos para a educação. 
Ao final da marcha, membros da CNTE foram recebidos pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Ao ministro também foram entregues parte dos cartões assinados por brasileiros de todo o país em prol dos 10% do PIB para a educação.  Haddad falou do avanço da educação no Brasil nos últimos anos: “Eu acho que os trabalhadores em Educação se sentem mais valorizados depois do governo Lula”. Mas reconheceu que a luta ainda tem que continuar: “Eu acho que o professor ganha menos do que deveria. Poderia ganhar 60% a mais do que ganha para se equiparar às outras profissões de ensino superior”. (CNTE, 26/10/2011)
Educadores de todo o país participaram da 5ª Marcha Nacional em defesa e promoção da Educação Pública em Brasília. A CNTE e suas filiadas pedem que 10% do PIB Brasileiro seja investido na Educação


Diário de Estagio 4





Semana passada pedi aos meus alunos que fizessem um pequeno trabalho, tendo por direção três questões referentes às aulas ministradas sobre cultura, onde discutimos a partir dos diferentes estilos de música o respeito as diferenças.
Fiquei muito surpresa ao ver as respostas, e achei importante estar postando aqui algumas delas. Alguns alunos escreveram coisas bastante pessoais, desabafos e preconceitos sentidos por eles.
Bom, só para situar vocês leitores as questões do estudo dirigido eram:
     1. O Que é cultura para você? E a partir disso, qual é sua cultura?
     2.Qual é seu estilo musical? Fale um pouco sobre ele?
    3.A partir das aulas sobre os estilos de música estudos em sala, fale sobre os diferentes gostos que existem em sua sala e como você vê esses outros estilos?
A seguir algumas respostas que eu destaquei para estar mostrando, sem desmerecer os que não forem mencionados.
“Eu sou um pouco preconceituosa com homossexuais, porque o homem foi feito para a mulher e não para o homem.”
Essa aluna é portadora de uma forte personalidade, na sala mantem um relacionamento conflituoso com alguns colegas, em especial um rapaz que é homossexual. Já presenciei em sala algumas atitudes preconceituosas vinda de sua parte. A partir das aulas sobre cultura, ela demonstrou uma melhoria no seu comportamento e no trato com os colegas, em particular, o rapaz homossexual.
“Cultura para mim é o modo de se vestir, modo de falar e a sua religião. Bom mim cultura é... Não sei bem, mas meu modo se falar é uma ideia que eu acho das cosias, minha religião pé nenhuma, modo de se vestir qualquer coisa tendo preto. Então qual é a minha cultura?”
Este aluno no começo do Estágio era bastante conversador, não interagia na aula. Quando eu parti para um conteúdo que envolvia coisas que ele gostava, ele começou a participar, e desde então se tornou um ótimo aluno, participativo e muito inteligente, escreve muito bem e bastante critico.
“Na minha sala são muitos gostos diferentes, mas cada um tem um gosto diferente e devemos respeitar porque devemos respeitar para ser respeitado, porque todo mundo é diferente."

“Meu estilo de música é o Rock e metal, o porque disso é que eu não escuto as músicas eu vivo elas.”

“Na minha sala tem gente que curte RAP, Hip Hop, Reggae, Funk, Gospel e Forró, mas na verdade eu não gosto porque não me sinto envolvido. Apesar disso entendo qu devemos respeitar, porque assim como eu eles devem gostar pro seus motivos, então por isso eu respeito, mesmo que não goste.”

“Cultura para mim é legal, porque cada um pode expressar as cosias que gostar de maneira diferente, e mesmo assim todos temos o direitos de ser respeitado, mesmo que nos seja diferente.”

Bom, é isso, essas foram alguma das respostas dos meus alunos sobre cultura e seus gostos, para mim foi muito proveitoso e satisfatório.

Respeitar para ser respeitado



“Esse aluno não sabe nada!”


Diante de uma sala indisciplinada, onde os alunos não demostram nenhum interesse pelas aulas, onde os alunos vivem em permanente confronto, o professor se vê desmotivado. Para muitos professores tal desinteresse é culpa dos alunos, que, embora ele esteja cumprindo seu papel em sala, não se dedicam aos estudos. Por isso é comum ouvirmos de alguns professores que se vêem nesta situação a seguinte frase: “Esse aluno não sabe nada!”.
É sabido que os alunos de hoje não são de modo algum os alunos de ontem. Não são os alunos que eu ou você professor fomos, há alguns anos atrás. Muitos alunos se mostram de fato desinteressados, e a indisciplina é uma realidade comum em muitas escolas. Porém, a escola tem sua parcela de culpa, quando recusa as mudanças, quando se recusa a mudar. É preciso rever as posturas dos professores e as condições que estão sendo criadas para que as aulas se desenvolvam. Não criar sobre a escola um pré-conceito é preciso, a escola que vimos ontem, não é mais a de hoje.
Além das condições novas, voltadas para uma aula mais dialogada que palestrada, o incentivo aos alunos, diante de um bom comportamento, de uma atividade feita, ou mesmo de um ato gentil em sala de aula, já resulta em bons frutos. Por isso sempre que seu aluno(a) tiver um bom comportamento ou boas atitudes não poupe elogios e incentivos, procure lê atenciosamente suas produções textuais, dando-lhes conselhos, deixando um recadinho escrito, com elogios e caminhos futuros.

Se seu aluno não demonstra um bom comportamento, dê bons exemplos, trate-o com educação, repreenda-o com sabedoria, procure dentro do conteúdo incentivar bons comportamentos, pequenas atitudes importantes como dar “bom dia”, pedir “com licença”, tratar bem os colegas.
Acredite isso faz toda a diferença!

domingo, 23 de outubro de 2011

DINÂMICA DE AULA


Olá aqui vai uma dica para se trabalhar um eixo temático ou capitulo de livro em seu bimestre letivo, esta dinâmica é fruto de minha própria experiência em sala de aula.
A Dinâmica consiste em dividir toda a sala em grupos temáticos que correspondem a tópicos do capitulo estudado, cada grupo deverá ter um líder que ficará responsável pelo comportamento e participação da equipe nas atividades, além disso, cada equipe será numerada para que o professor possa orientar-se melhor, neste mesmo sentido as equipe terão nomes específicos ou cores, o que irá estimular a participação dos alunos que sentissem ainda mais pertencentes ao seu grupo.
Em seguida uma aula será ministrada sobre o capítulo de forma geral, e na aula seguinte os grupos se dividem pela sala e tem inicio a competição. Cada grupo ficou incumbido de elaborar duas perguntas para cada um dos outros grupos, o que lhes fazem ler o capítulo completo, ao direcionar a pergunta ao outro grupo deve ser orientado a qual membro está sendo feita a pergunta para que desta forma todos os grupo leiam, sobre as orientações do líder, desta forma ao final é feita a contagem de pontos para verificar qual equipe é campeã, a premiação fica a critério do professor.

Sugestão: Ao participar de forma ativa na dinâmica todos deveram ganhar uma pontuação X que terá um peso maior do que aquela dada a quem ganha ou perde, neste sentido os ganhadores ganham pontos extras que podem usar em alguma de suas notas que compõe o bimestre.

Por: Diego Rocha Guedes de Almeida

Diário de Estágio 3: Trabalhando a Cultura em sala: A dinâmica dos gostos





Já vai fazer dois meses que estou dando aula, um tempo curto infelizmente, mas rico em experiência.
No primeiro relato, publicizado aqui, falei sobre as tentativas de aplicar um ensino mais organicizado, de maneira a despertar o interesse e a participação dos alunos. Porém, infelizmente não tive muito sucesso. 
Devido ao curto período de tempo, percebi que a cada aula tentava uma estratégia diferente aliado ao conteúdo e mais uma vez não tive resultados satisfatórios. Foi então que parti para uma estratégia diferente e ao mesmo tempo arriscada. 
Faço desta postagem um relato, mas também uma possibilidade a ser reproduzida para outros professores que se interessem.
Como dito, as minhas estratégias de aula sempre estiveram aliada ao conteúdo, e mesmo que correlacionado a experiência dos alunos em sua vida fora da sala de aula, eles achavam, tudo aquilo muito chato!
Porém, sem poder deixar de lado o conteúdo curricular, passei a usar uma estratégia ao avesso, invés de usar o que eles gostam para dar o conteúdo, resolve dar o conteúdo para tratar sobre seus gostos.
De que maneira isso se deu? 
Minha turma é de 7º ano, e pela sequencia deveria dar “O Encontro entre dois Mundos”, esse assunto diz respeito às expansões marítimas, e ao primeiro contato dos europeus com as civilizações mesoamericanas.
Para iniciar o conteúdo perguntei a cada um deles sobre seus gostos. Do que vocês gostam?
A principio todos ficaram meio chocados, e perguntaram o que isso tinha haver com o conteúdo.
E mais uma vez eu perguntei: Do que vocês gostam?
A partir dai cada um começou a relatar sobre o que faziam fora da escola, até que encontrei o ponto em comum e decidi partir dele para construir um terreno propicio ao conteúdo.
Entre todos os gostos e diversões, sobressaiu-se a música. Estilos diferentes, ritmos diferentes, modos de ser e ver o mundo diferente, apenas pelo intermédio da musicalidade. 
 É possível que muitos professores partilhem desta mesma realidade, alunos com celulares ouvindo música por toda parte.
Pedi-lhes então que escrevessem num pedaço de papel cinco linhas falando sobre o seu estilo musical, e porque gostavam.
E todos começaram a escrever, entusiasmados, medindo cada palavra para além de mostrar o que gostavam, passar os motivos mais sinceros e melhores justificados.
Alunos indisciplinados, que mal ouviam a aula, participaram, e deram seu parecer de formas surpreendentes.
Ao fim das cinco linhas, pedi para que cada um destacasse aquele pedaço de papel e dessem para o seu colega mais próximo.
Fazendo isso, pedi para cada um lê o que o outro haverá descrito sobre a música preferida e a justificação do seu gosto.
Por dentro dos mais diferentes gostos – rock, reggae, rap, gospel, forró, sertanejo e funk – que eles puderam perceber através dos relatos dos colegas, perguntei num primeiro momento: O que vocês notaram com o relato de seus colegas?
E eles responderam: 
 – São muitos diferentes, cada um tem uma música que gosta diferente, e gostam por motivos diferentes.
E em seguida perguntei o que eles entendiam por diferentes, e eles responderam que diferente é aquilo que não é igual. Mas igual ao que, neste caso?
E eles disseram:
– Igual ao que EU gosto.
Depois disso, apontei para M, uma aluna da sala que gosta de Rock e se veste com os outros jovens que também curtem este estilo, e perguntei?
– Se R – outra menina na sala de gosta de gospel – lhe dissesse que seu estilo de música é ruim, e que melhor é o dela, o que você diria?
M então respondeu:
– Diria para ela ouvir o meu primeiro para depois falar.
E então repliquei, e se fosse ao contrário:
– Ouviria o dela também.
E perguntei a turma:
– Porque as pessoas têm gostos diferentes?
E todos responderam:
 – Por que são diferentes.
Mas o que faz as pessoas acharem seus gostos melhores que os do outros e trata-los como “ruins”?
– A falta de conhecimento.
Muitas vezes quando temos medo, nojo, raiva, dos gostos dos outros é porque não conhecemos aquilo, apenas colocamos nossos gostos em primeiro lugar enquanto aqueles outros apenas imaginamos coisas.
Falando isso, parti para a pergunta: Como as pessoas no sudeste veem as pessoas do nordeste?
E os alunos responderam que viam apenas como matutos, pobres, falavam errado, analfabetas, etc. 
Porque eles veem o nordeste assim, perguntei?
E eles responderam:
– por que não conhecem, apenas imaginam que somos assim sem vim para cá.
Com outro exemplo, perguntei, e vocês, conhecem os gostos dos japoneses, já foram lá, ou leram sobre?
Eles responderam que não.
Mas vocês imaginam que eles comam comida crua, certo?
–sim, eles responderam.
O que vocês acham disso?
– Nojento, disseram a maioria.
E porque vocês dizem isso?
– porque não os conhecemos direito apenas sabemos o que mostra na TV.
Depois de entendido isso, dos diferentes gostos, falei a ele que isto fazia parte de uma coisa chamada CULTURA. Expliquei a eles o que era cultura, as diferentes culturas, a cultura deles –  dos alunos – , a cultura da escola, do Brasil, como nos víamos as culturas, etc. Fazendo isso, dei inicio ao conteúdo sobre as expansões marítimas, e ao primeiro contato dos europeus com as civilizações mesoamericanas, usando a questão da cultura.
– Como foi para os europeus o primeiro contato com pessoas tão diferentes?
Depois disso, falei sobre os impérios Astecas, Maias e Incas, como eles viam o mundo através de sua religiosidade, seus ritos, seus mitos, sua cultura. 
Bom, deste momento em diante a aula fluiu bastante satisfatória, além de saber que para além do conteúdo do livro, eles aprenderam um pouco sobre respeito ao “outro”.
Não é preciso um aparato tecnológico de última geração para gerir uma boa aula, o professor ainda é o mais importante mediador neste processo.

A Família e a Profissão



Em qualquer profissão que atuamos na atual conjuntura ocupacional, as exigências são tão intensas que termina por invadir nossa subjetividade, espaços privados, e consequentemente nossas relações pessoais.
Além das exigências a competitividade nos sufoca a tal ponto de esquecermos todo o resto a fim de termos uma oportunidade no mundo do trabalho. Amigos, pais, filhos, lazer e diversão, são deixados de lado. Por vezes pensamos estar abrindo mão de nossos amigos e parentes, para no futuro proporcioná-los algo melhor, abrimos mão de um tempo de descano, pensando no futuro termos um maior aproveitamento dessas férias.
Não temos como negar as dificuldades presentes, nem da produtividade exigida, nem da profissionalização multifuncional exigida, do tempo escasso, da correria para garantir a empregabilidade.
Mas tal esforço existe na maioria dos casos por uma única finalidade: garantir um futuro melhor, uma vida melhor, para si e para a família. Mas isto de fato acontece? Terá valido a pena pensar na família, amigos e lazer, apenas quando se chegar ao almejado? Quando se chegará a isso? Não será substituída por mais anseios ainda não alcançados? Terá isso um lugar ideal?
Torna-se comum observarmos o distanciamento entre pais e filhos, entre esposas e maridos. Em estudos realizados por pesquisadores das mais variadas áreas do conhecimento, muitos casos de divorcio são resultado de reclamações onde os parceiros não se sentem valorizados pela falta de tempo dedicado a relação, ou, onde os filhos se envolvem com drogas, ou em situações ilícitas, devido à falta de dialogo e participação dos pais em suas vidas. Isto não é apenas notificado em famílias pobres, que na luta pela sobrevivência deixa a mercê seus filhos e filhas, mas também em famílias de alta renda, que deslocam a sua responsabilidade de tutores, a brinquedos eletrônicos e caros passeios.

Podemos perceber tal correria também na profissão do professor, que diante de tantas exigências, de tantas dificuldades postas em sua profissão, das realidades múltiplas e complexas que adentram as salas de aula, acabam por negligenciar certos segmentos de sua vida particular.
E no fim, nem percebemos o quanto isso nos desmotiva mais e mais, quando dermos pela falta daqueles que diretamente ou indiretamente davam sustentação as nossas lutas diárias, as nossas abdicações por um futuro melhor, elas não estarão mais lá, e por quem lutar?
Isto não se faz presente apenas na vida daqueles que querem garantir o seu emprego, mas, e principalmente, aqueles que lutam pela oportunidade do primeiro emprego.
Partindo de uma realidade observável como a universidade, a garantia do um bom currículo coloca os alunos numa espécie de competição pelo acumulo de certificados, emitidos por seminários, eventos, fóruns, congressos, cursos de extensão, projetos, etc. Uma corrida que exige tempo, disposição, abdicação e investimento financeiro.
Para nós que estamos na universidade, é a nossa produtividade intelectual, que é remetida a sociedade em forma de contribuição. E tal produtividade gera muita renda para os órgãos responsáveis pela emissão de certificados, sem, no entanto estar promovendo de fato, uma produtividade intelectual como retorno para a sociedade, e nem mesmo, garantindo melhores oportunidades para os graduandos.
E isto foi sentindo pro mim no inicio da graduação, quando éramos constantemente acometidos por eventos, projetos e cursos de extensão, como forma de aperfeiçoar nosso currículo. No entanto poucas dessas atividades extracurriculares eram de fato proveitosas, tendo em vista a arbitrariedade com que eram desenvolvidas.
Durante este tempo eu e meu marido, que cursamos o mesmo curso e no mesmo período, se estressávamos demasiadamente para dar conta de vários projetos que fazíamos parte, além dos cursos de extensão que eram oferecidos e nós participávamos da grande maioria, das dores de cabeça para arrecadar o dinheiro necessário para participarmos de eventos, a fim de publicizar nossos artigos. Eram tempos de correria, uma produtivade insignificante, e um distanciamento inevitável. Estávamos tão cansados que dificilmente trocávamos gestos de carinho, nossas conversas se resumiam as nossas atividades acadêmicas, e quando finalmente terminávamos o dia, o que restava era descansar com o peso de no outro dia ter que fazer tudo aquilo novamente. Até nossos sonhos, que era o momento em que podíamos descansar, eram reflexos do dia cansativo, estressado, cheio de papelada e trabalho para redigir.
Tudo isto era feita inicialmente por um único motivo, garantir uma vida melhor, juntos. Com o passar do tempo isso foi se esfacelando, até culminar numa séria discussão, onde teríamos por caminho duas opções, ou reaviamos nossos objetivos, ou pararíamos por ali. Não era mais possível levar adiante uma correria tão exaustiva se os nossos objetivos já não estavam bem delineados, não por falta de amor ou vontade, mas o desgaste cotidiano causado pelo esforço extremo, havia se revertido na impossibilidade de nos enxergarmos como casal. A partir de então decidimos regrar nossas atividades de modo a conciliar família, lazer e trabalho. O que não fez regredirmos, pelo contrário, crescemos a cada dia a partir da cumplicidade e companheirismo que aprendemos a munir.